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ANÁLISE
Foi comunicador habilidoso
NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
Em meio às edições do "Jornal Nacional" voltadas aos 40
anos do programa, cinco meses
atrás, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, chegou a se
declarar "triste" em seu blog
pela omissão do significado histórico de Armando Nogueira
para o telejornal.
Mas a importância do "comandante" Armando Nogueira
foi expressa, afinal, pela voz de
João Roberto, um dos filhos de
Roberto Marinho. E ontem o
telejornal abriu lembrando "o
líder da equipe que criou o
"Jornal Nacional'".
Boni, Nogueira e Alice-Maria
criaram o "JN", que unificou o
Brasil sob o regime militar a
partir de 1969. O formato de telejornal nacional, tomado das
redes americanas, "foi defendido" pelos três contra a "corrente que queria que cada Estado
tivesse seu narrador".
De 1966 a 1990, ao longo de
praticamente toda a ditadura,
ele chefiou o jornalismo da Globo, quando a rede se tornou hegemônica. Pelo relato de colegas, resistia aos "depoimentos
montados" pela repressão e era
habilidoso ao dialogar em defesa da informação.
Com a abertura a partir da
anistia, atravessou sem maiores arranhões coberturas controversas como a apuração das
eleições de 1982, no Rio, e a manifestação pelas Diretas em
1984, em São Paulo.
Mas, em 1989, veio a eleição
para presidente e Armando
Nogueira viu Alberico Sousa
Cruz, estrela ascendente no jogo político interno, realizar a
célebre edição do debate entre
Fernando Collor e Lula, no
"JN". Poucos meses depois,
perdeu o cargo para Sousa Cruz
e deixou a Globo.
Foi o momento histórico de
maior relevância de que participou. Quase uma década depois, ainda defendia Roberto
Marinho no episódio:
"Na edição Collor-Lula eu fui
um marido enganado. O cara
que dirigia a área fez modificações à revelia do próprio empresário. Fez aquela manipulação por jogada pessoal, porque
era ligado ao Collor", declarou,
negando assim que fosse, como
descrito até então, "o homem
que sabe demais".
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