São Paulo, terça-feira, 30 de março de 2010

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ANÁLISE

Foi comunicador habilidoso

NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA

Em meio às edições do "Jornal Nacional" voltadas aos 40 anos do programa, cinco meses atrás, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, chegou a se declarar "triste" em seu blog pela omissão do significado histórico de Armando Nogueira para o telejornal.
Mas a importância do "comandante" Armando Nogueira foi expressa, afinal, pela voz de João Roberto, um dos filhos de Roberto Marinho. E ontem o telejornal abriu lembrando "o líder da equipe que criou o "Jornal Nacional'".
Boni, Nogueira e Alice-Maria criaram o "JN", que unificou o Brasil sob o regime militar a partir de 1969. O formato de telejornal nacional, tomado das redes americanas, "foi defendido" pelos três contra a "corrente que queria que cada Estado tivesse seu narrador".
De 1966 a 1990, ao longo de praticamente toda a ditadura, ele chefiou o jornalismo da Globo, quando a rede se tornou hegemônica. Pelo relato de colegas, resistia aos "depoimentos montados" pela repressão e era habilidoso ao dialogar em defesa da informação.
Com a abertura a partir da anistia, atravessou sem maiores arranhões coberturas controversas como a apuração das eleições de 1982, no Rio, e a manifestação pelas Diretas em 1984, em São Paulo.
Mas, em 1989, veio a eleição para presidente e Armando Nogueira viu Alberico Sousa Cruz, estrela ascendente no jogo político interno, realizar a célebre edição do debate entre Fernando Collor e Lula, no "JN". Poucos meses depois, perdeu o cargo para Sousa Cruz e deixou a Globo.
Foi o momento histórico de maior relevância de que participou. Quase uma década depois, ainda defendia Roberto Marinho no episódio:
"Na edição Collor-Lula eu fui um marido enganado. O cara que dirigia a área fez modificações à revelia do próprio empresário. Fez aquela manipulação por jogada pessoal, porque era ligado ao Collor", declarou, negando assim que fosse, como descrito até então, "o homem que sabe demais".


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